Guapé x Furnas – Um mar de lama

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Guapé x Furnas mar de lama

FURNAS UM MAR DE LAMA!

O dinheiro para pagar o parto ou o anestesista ou a substituição da ponte que caiu está sendo desviado! É isto mesmo, você não sabia? Não acredita? Pois então leia o que segue.

Às vezes tenho a sensação DE que só eu percebo isto! Será que pirei? Não é possível. VENHA COMIGO: primeiro imagine o seguinte:

Você é dono de uma fazenda de 300 alqueires. Um belo dia aparece uma entidade oficial, credenciada e com uma boa reputação e seu diretor fala pra você:

-Eu vou pegar 1/3 da sua fazenda, apenas 100 alqueires, só que é o melhor dela, a parte mais fértil, só quero as planícies, nada de morros ou serra cheias de pedras, só quero as várzeas, as beiradas de córregos, as partes mais baixas da sua fazenda. Tudo bem?

Agora, pode ir, vai cuidar das suas coisas, preocupe-se em fazer produzir o que lhe resta, afinal não estou mexendo nos 2/3 que restam de suas terras! Faça de contas que eu não existo, vou ficar quietinho no meu canto. Não vou te pagar nada (ou melhor: toma! Isto aí dá pra você comprar aquela TV branco e preto, último modelo!). Se você se comportar direitinho poderemos conviver anos e anos em paz…

IMAGINOU O CENÁRIO? ENTENDEU A HISTÓRIA? ACHA NORMAL?

Claro que não. Pois é exatamente isto que Furnas fez com a nossa Guapé, ou seja:

1-inundou as suas melhores terras, as mais férteis;

2-cortou as suas estradas e não refez as pontes;

3-tornou o município 50% mais pobre, no que diz respeito à sua arrecadação –diminuiu o ICMS, ISS, imposto territorial, etc.

4-a agricultura – que era sua maior riqueza (perdeu 50% de sua produção) ficou limitada à café, em grandes propriedades, cujos donos residem fora, fazendo com que os pequenos produtores fossem engrossar os bairros populares da cidade ou das grandes cidades da região como Ribeirão Preto, Pasos etc. para viverem de prestação de serviços ou de cestas-ajudas como em nível federal;

5-e dá R$200 mil, quando dá, para a nossa cidade, como royalties, para compensar a arrecadação perdida. Em tempo: este valor é a cada ano!

Você acha isto justo? Você acha que devemos continuar “mendigando” esses trocados de quem deveria nos entregar milhões, todos os meses, pois é a isto que o município tem direito para compensar o que está perdendo em arrecadação, em riquezas que deixam de ser produzidas no município pelo fato de as terras estarem inundadas, portanto improdutivas.

Não consigo entender porque políticos, deputados, advogados, gestores públicos, entendidos de direitos público e privado, não ACORDAM para estas evidências!

Alguns pensam, afirmam: mas isto foi em 1963 portanto há mais de 60 anos, já está prescrito!

Como está prescrito, pergunto eu, se ainda ontem, aquela água represada lá na antiga invernada de seu avô rendeu trocentos KVAs para Furnas que os transformou em milhares de $$$.

OS CRIMES SE RENOVAM A CADA DIA, A CADA HORA, A CADA INSTANTE e nós vamos continuar com o pires na mão esperando aquela verbazinha, prometida por aquele deputado que veio pedir voto na campanha eleitoral passada;

A ambulância-ônibus com 42 parturientes precisa ir até São Sebastão do Paraiso para um ultra-som?

– Nenhum problema: ao invés dos 120kms que percorreriam se não houvessem as águas de Furnas, vai dar a volta por Ilicínia, passar pela ponte torta (linda) do Carmo e após 195kms de puro asfalto (este nós temos) chega por lá!

O dinheiro do Hospital municipal, do ultra-som, do asfalto pra Passos, das pontes caídas e das pontes não construídas FOI DESVIADO PARA OS COFRES DA ESTATAL FURNAS.

E o dia em que ela for privatizada será transferido para os cofres do arrematador.

A partir daí nós, guapeenses, não só, iremos ficar sem receber como iremos começar a pagar pela água que utilizarmos em nossas terras – isto mesmo: existem projetos para cobrança de toda e qualquer água que se utilizar da represa!

Considerem o cenário: a sua fazenda foi inundada pela metade, da metade que está inundada Furnas tira e COBRA DE VOCÊ a água para irrigar a outra metade. HILÁRIO!

Ah…mas o Carnaval, o turismo agora…desculpe mas estou falando de coisas sérias!

Ávila.

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